sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

No inferno...


E a luz se apaga. Morro mais uma vez com o peso voráz do nada.

O vazio salta e me engole, direto para o abismo, com mãos e pés amarrados, não posso fazer nada além de me debater inutilmente.

O inferno aqui embaixo não é quente, o inferno aqui é dolorido e umido e solitário.

O inferno aqui embaixo é minha cabeça zonza, é um prédio de 50 andares em cima do peito.

Quero músicas fúnebres rodeando o caixão, o corpo retalhado, as chagas abertas expostas aos corvos, os donos da noite.

Não sou dono de mim em certas ocasiões, e nelas, quando me perco de vista, me firo, e marco no rosto, nos braços e no peito cicatrizes de minhas guerras pessoais.

Tenho hoje a mente de um homem doente, de um homem que é consciente demais de seus próprios atos, e carrega o peso de mil cruzes com espinhos em cada articulação.

São facas cortando o ar, nenhuma me acerta, mas a tensão e o medo me apertam, me sufocam, sinto o vento das facas passando por perto, estou quase certo que morrer de novo não é uma possibilidade, já morri todas as vezes que tinha direito e isso me foi tirado também.

Agora estou nú e sem qualquer sinal de algum lugar que não seja apavorante. Perdido choro sem saber o que fazer ou o que e aguarda. O que tenho nas mãos? Só o meu punhal sujo de meu pó, de meu corpo. sangue e suor.

Sangue e suor... o que tenho nas mãos?

Não sei, gritos entram pelos meus ouvidos, são horripilantes, sons cada vez mais altos, são meus! Meus gritos!

A dor!

A tortura!

Aaaaaaaaaaaahhh!!!!

Dor...

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