quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Com Amadeus Mozart e Um texto de dentro do espelho (pela manhã)

O que vejo pela minha janela reflete o caos de meus dias.

Essa frase vem me martelando a cabeça desde que o fim de semana acabou e voltaram as obras na construção ao lado de casa. O inferno da poluição auditiva de morar em uma metrópole.

Há um livro a ser lido, há uma cabeça que dói e ainda são 9:30 da manhã (e eu não estou de ressaca).

Deveria estar.

Ouço o "Blue in Green" de Miles Davis, são sons soturnos que compõe a manhã ensolarada de mais um passo a caminho do fim de tudo que é vivo.

Me disseram uma vez que a vida é uma espera, mas ouço essas palavras com outro tom, vivendo o caminho dessa espera, afinal o que há de pior que esperar em silencio e no fim, alcançar? O que vem depois?

Minha vida hoje tem tons de cinza em uma espera continua por algo que já nem me lembro mais. A música acabou, resta um vácuo e os sons da construção. Minha mão passa forte pela cabeça deslocada, viajo por outros mundos enquanto escrevo sombras de mim mesmo, sombras, sombras são tudo o que vejo aqui de dentro do espelho, de onde enxergo o mundo lá de fora em borrões tortos, deformados, as imagens não deveriam ser precisas? O bom das coisas distorcidas são que elas não são as mesmas nunca, elas continuam a se transformar, por isso preciso permanecer no espelho, para ter uma imagem real do que se movimenta, uma imagem de minha mudança constante.

Ainda há o vazio a ser preenchido como que um buraco em mim, já tentei por vezes preenchê-lo sem sucesso, me acompanha desde o momento de minha criação e não cessa, não por agora, por agora continuo vivendo no sentido oculto das coisas.

E como diz Alberto Caiero: "O único sentido oculto das coisas é elas não terem sentido oculto nenhum."


Nada põe sentido nas coisas vejo além de mim, ou um outro eu... Ou quem escreve esses textos...



"Condenados os malditos
e lançados às chamas devoradoras
chama-me junto aos benditos.
Oro, suplicante e prostrado
o coração contrito, quase em cinzas
tomai conta do meu fim." 

Wolfgang Amadeus Mozart

 




PS.: Esse texto é quase sincero, mas ainda não acredito...

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